14 outubro, 2011

"O artista ou o filóloso é capaz de amadurecer fundamentalmente por sua própria conta. Sua passagem pela vida se define pela sua natureza transformadora e pela crescente maturidade de sua obra, não por suas relações com outras pessoas." Storr, Antonhy. Solidão. São Paulo: Benvirá, 2011. pp. 283, 284.

07 outubro, 2011

Se eu pudesse conversar comigo mesmo antes de nascer diria

Se eu pudesse conversar comigo mesmo antes de nascer diria: A vida não é doce. Não é fácil e muito menos simples. Alguns tentam se enganar achando que a vida é uma sucessão continua de acontecimentos felizes, e no entanto, a vida é mais um monte de rupturas e rompimentos.

Falaria a mim mesmo não dar tanto valor aos objetivos impostos pelo meu ego muito menos dos objetivos que a sociedade impõe.

Diria que não descobrirei a finalidade da vida; que meus propósitos mudarão e que de derradeiro só a dúvida.

Diria que nossos pais agirão, independente dos motivos, não tendo certeza de que estão certos. Que eles também estão tentando de alguma forma e também tem medo de errar.

Diria que nem tudo pode ser perfeito; que o erro faz parte da nossa natureza e que errar faz parte do aprendizado.

A maior parte do tempo me apegarei a coisas erradas e por vezes supérfluas. E também me apegarei a gente errada e supérflua, mas que cada coisa e cada pessoa me marcarão e construirão o meu caráter.

Com muito pesar falaria que irei sofrer e que muitas vezes nada poderá compensar esse sofrimento. Falaria que verei pessoas queridas partirem e pessoas queridas morrerem; mas que verei pessoas maravilhosas chegarem; que filhos e netos poderão ser os maiores prêmios que a vida possa nos dar.

Diria que enquanto jovem tragédias acontecerão, que meu coração será dilacerado tantas e tantas vezes que chegará o momento de que o fato de suportar a dor será um fardo imensamente menor.

Tratarei de comunicar que boa parte da vida passarei tentando acumular riquezas, posses materiais e conquistas de papel; e que no final só haverá a vontade de trocar tudo isso pelo sentimento de valeu a pena.

Diria pra chorar; pra não ter vergonha. Diria que em muitos momentos serei ridículo e farei papel de bobo. Diria também que sem isso a vida se torna tão séria quanto insuportável.

Diria que serei odiado e invejado, caluniado e difamado, por vezes traído; diria que muitas vezes serão pelas pessoas que se tem maior consideração; mas diria para perdoar, não sete, mas setenta vezes sete, pois também odiarei, invejarei, serei um caluniador e traidor.

Diria que o preconceito vai me tolher tantas oportunidades; oportunidades únicas de conhecer gente interessante, de visitar lugares magníficos e de experimentar sabores e sensações; mas que nem sempre estamos preparados pra lidar com o novo.

Diria para não aproveitar todos os dias pois existem dias que não merecem ser aproveitados; mas para aqueles que merecem ser aproveitados que eu o faça com tal intensidade e fruição para que se tornem eternos.

Falaria que a juventude não é para sempre. E aceitar a velhice não será fácil. Que conviver com gente nova será complicado e que as mudanças no mundo continuarão a acontecer no seu ritmo normal, só que a nossa percepção é que ficará enferrujada.

Diria pra ser autêntico, que o mundo vai me aceitar mesmo que meu rótulo seja diferente.

Diria pra amar pelo menos uma vez mesmo que não seja correspondido.

Diria pra ser imperfeito e que pessoas totalmente suficientes só os heróis dos quadrinhos.

Diria pra relaxar pois a tensão me deixará corcunda.

E que os melhores momentos da vida são curtos e que as pessoas que mais valem a pena são poucas.