02 setembro, 2012


Música do compositor Pachelbel - Canon em Ré Menor que arranjei e adaptei.

04 maio, 2012

esquizofrenias, smartphones e impotência - v1.0

Estamos encarcerados em nossos dispositivos tecnológicos portáteis. Passamos a viver uma vida dupla, em que a realidade é sempre entediante e o simulacro digital é todo tempo novidade.

Se no mundo real as coisas e as pessoas não acontecem em determinado tempo, no meu smartphone, ao contrário, posso baixar um aplicativo, jogo ou mudar completamente sua aparência, de forma instantânea, simples, descartando o velho, incorporando o novo, amenizando a frustração da imparcialidade do tempo-espaço.

A realidade nunca vai ser tão vibrante, colorida, desafiadora, dinâmica como nos games que possuímos em nossos tablets, laptops ou games portáteis. As pessoas nunca serão tão interessantes, altruístas, alegres, bem-sucedidas e viajadas como nos profiles do facebook.

O fruir no ambiente virtual de nossos aparelhinhos tecnomidiáticos é sempre constante. Atualizações de software acontecem na velocidade dos nossos pensamentos, na velocidade do nosso ego sedento por mais recheio. A mudança ou troca dos nossos gadgets acontece freneticamente, só dependendo dos nossos bolsos, pois os fabricantes atualizam seu hardware e seu discurso tão rápido quanto nos dispusermos a comprar e adquirir coisas.

Romper e conectar nesses ambientes tecnosociais é tão simples quanto apertar um botão para chamar o elevador. Podemos nos envolver com alguém, coisa ou causa e mesmo assim nos mantermos deveras afastados, poupando nossa vaidade, no caso de alguma negligência. No mundo real, contrariar, romper, brigar, se desconectar das pessoas é muito traumatizante, dói, tem lá seus problemas, que são variados. Vivemos o tempo todo trombando com nossas inimizades do mundo real, seja em nosso bairro, numa festa, isso é sempre constrangedor. No mundinho que vivemos dentro de nossas redes sociais e meios de socialização virtual, as amizades virtuais podem ser desfeitas e rompidas, desprovidas de qualquer empecilho e aborrecimento que a nossa fragilidade da carne e do osso causam.

Se no mundo real precisamos da publicidade e da propaganda para criar excitação ou para capturar a atenção, no ambiente tecnomidiático as relações e interatividades são elas mesmas as propagandas e publicidades, são elas próprias o ópio ou o viagra, e bastam por si para causar euforia e prazer.

É tudo um delírio controlado ou mesmo um hedonismo controlado, fornecido de hora em hora, de minuto em minuto, em cada atualização de status, em cada post de texto ou foto. Nossos dedos ágeis garantem a que não percamos nenhuma porção de satisfação do alucinógico coletivo. O meio tecnomidiático é a própria ansiedade, é o próprio remédio e o próprio cárcere.

Como a pornografia analógica, que antigamente era alugada em fitas VHS, ou a digital que hoje baixada nos torrents ou está disponível em streaming, a satisfação está em não se satisfazer ou não satisfazer aquele que consome. Deve-se sempre retroalimentar o sistema com a frustração ou o o próprio sistema entra em colapso.

Nesses aparelhinhos dotados de uma feitiçaria desconhecida, estamos todos hipnotizados pela possibilidade de alterar a estrutura da “aldeia global”, de poder novamente fazer parte de um ambiente, de uma natureza, que por hora está perdida ou afastada. Estamos sob forte influência de um encatamento, macumba tecnológica ou um tipo de vodu desconhecido criado pelos CEO’s e marketeiros das companhias capitalistas.

Nossa cultura está levando a sério o conceito “multitasking” dos sistemas operacionais e vivemos o tempo todo alternando nossa percepção entre estados de atenção. Agora estou aqui, mas rapidamente, num piscar de olhos, estou imerso em minha esquizofrenia digital.

No fim das contas parece que gostamos desse frenesi de viver vidas duplas, triplas, que passamos a viver sem correr o perigo, sem nos expor ao vexatório, sempre protegidos pelo anonimato de nossos IP’s. Gostamos de flutuar na hiper-realdiade, de possuir sentimentos artificiais e de poder comprá-los com nossos cartões de crédito. Mas estamos vivendo nossas relações com o mundo, com as coisas, causas e pessoas de forma cada vez mais vazia, cada vez mais desprovida de profundidade e quiçá de realidade.

Flávio Takemoto

14 outubro, 2011

"O artista ou o filóloso é capaz de amadurecer fundamentalmente por sua própria conta. Sua passagem pela vida se define pela sua natureza transformadora e pela crescente maturidade de sua obra, não por suas relações com outras pessoas." Storr, Antonhy. Solidão. São Paulo: Benvirá, 2011. pp. 283, 284.

07 outubro, 2011

Se eu pudesse conversar comigo mesmo antes de nascer diria

Se eu pudesse conversar comigo mesmo antes de nascer diria: A vida não é doce. Não é fácil e muito menos simples. Alguns tentam se enganar achando que a vida é uma sucessão continua de acontecimentos felizes, e no entanto, a vida é mais um monte de rupturas e rompimentos.

Falaria a mim mesmo não dar tanto valor aos objetivos impostos pelo meu ego muito menos dos objetivos que a sociedade impõe.

Diria que não descobrirei a finalidade da vida; que meus propósitos mudarão e que de derradeiro só a dúvida.

Diria que nossos pais agirão, independente dos motivos, não tendo certeza de que estão certos. Que eles também estão tentando de alguma forma e também tem medo de errar.

Diria que nem tudo pode ser perfeito; que o erro faz parte da nossa natureza e que errar faz parte do aprendizado.

A maior parte do tempo me apegarei a coisas erradas e por vezes supérfluas. E também me apegarei a gente errada e supérflua, mas que cada coisa e cada pessoa me marcarão e construirão o meu caráter.

Com muito pesar falaria que irei sofrer e que muitas vezes nada poderá compensar esse sofrimento. Falaria que verei pessoas queridas partirem e pessoas queridas morrerem; mas que verei pessoas maravilhosas chegarem; que filhos e netos poderão ser os maiores prêmios que a vida possa nos dar.

Diria que enquanto jovem tragédias acontecerão, que meu coração será dilacerado tantas e tantas vezes que chegará o momento de que o fato de suportar a dor será um fardo imensamente menor.

Tratarei de comunicar que boa parte da vida passarei tentando acumular riquezas, posses materiais e conquistas de papel; e que no final só haverá a vontade de trocar tudo isso pelo sentimento de valeu a pena.

Diria pra chorar; pra não ter vergonha. Diria que em muitos momentos serei ridículo e farei papel de bobo. Diria também que sem isso a vida se torna tão séria quanto insuportável.

Diria que serei odiado e invejado, caluniado e difamado, por vezes traído; diria que muitas vezes serão pelas pessoas que se tem maior consideração; mas diria para perdoar, não sete, mas setenta vezes sete, pois também odiarei, invejarei, serei um caluniador e traidor.

Diria que o preconceito vai me tolher tantas oportunidades; oportunidades únicas de conhecer gente interessante, de visitar lugares magníficos e de experimentar sabores e sensações; mas que nem sempre estamos preparados pra lidar com o novo.

Diria para não aproveitar todos os dias pois existem dias que não merecem ser aproveitados; mas para aqueles que merecem ser aproveitados que eu o faça com tal intensidade e fruição para que se tornem eternos.

Falaria que a juventude não é para sempre. E aceitar a velhice não será fácil. Que conviver com gente nova será complicado e que as mudanças no mundo continuarão a acontecer no seu ritmo normal, só que a nossa percepção é que ficará enferrujada.

Diria pra ser autêntico, que o mundo vai me aceitar mesmo que meu rótulo seja diferente.

Diria pra amar pelo menos uma vez mesmo que não seja correspondido.

Diria pra ser imperfeito e que pessoas totalmente suficientes só os heróis dos quadrinhos.

Diria pra relaxar pois a tensão me deixará corcunda.

E que os melhores momentos da vida são curtos e que as pessoas que mais valem a pena são poucas.

26 maio, 2011

Essas possibilidades...

Quando penso a vida me surpreendo com a sucessão de coincidências, justaposições, entrelaçamentos;

Apesar das distâncias serem infinitas a vida aproxima, ajunta, uni;

O tempo curto ou longo não desfaz vínculos certos, fadados, determinados;

Vemos acontecimentos que se realizam, microacontecimentos, que mudam completamente o curso de várias vidas;

Quem nunca conheceu pessoa qual nunca deveria ter conhecido; que possibilidades e estatísticas todas provariam o contrário; quem nunca errou, apesar de alertas e "não faça isso" todos e variados; Quem nunca acertou em cheio, apesar de tudo estar provando fato inexato?

Quem nunca odiou quando na verdade era para se amar? E quem nunca amou quando na verdade era para não acontecer?

Quanto de nossos caminhos foi desviado por uma força irresistível, apesar de nossa aparente contrariedade, para sermos levados insofismavelmente ao que nos faria bem?

Tudo isso, na justa medida, e apesar de nos acharmos pequeninos feito poeira, a movimentação de tal força parece ter sido gigantesca...

Veja bem, o que quero dizer é que desde que somos seres humanos já estamos predestinados ao mistério e o mistério nos alimenta também.

Mas que não devemos padecer das aparências ou aquilo é profundo e fundamental se esconde ou se apaga.

Estamos todos sujeitos à insignificância, feito argueiro, mas todos estamos destinados a magnitude de várias possibilidades infinitas;

E nossa existência desliza suave e gostosamente pelos quinhões do todo-tempo e escorrega tal por inércia na sinusidade do que permanece eterno.

Espero muito que tudo isso fique registrado no espaço-tempo em completude para que possamos um dia, quando formos infinitos, deleitar de nossos pequenos acertos.

19 maio, 2011

Sobre as Impressoras

Srs. fabricantes de impressoras: gostaria de saber a razão de que dois cartuchos da minha impressora custam o mesmo que uma impressora nova com cartuchos.

Só não comprarei outra impressora pq já gero uma quantidade insana de resíduos sólidos da qual a maior parte não reciclo.

Tenho certeza que os Srs. fizeram um pacto com o belzebu. Obrigado.